Miguel Vieira recebeu os seus convidados com uma grande lua azul
projectada na parede e o som de uma viola espanhola. Assim apareceu a
primeira silhueta, cintura marcada e um vestido comprido que arrastava
qual "bata de cola" flamenca. A passo desafiante a modelos avançava
pela passarela com atitude toureira. Pretos jatos e brocados
dourados levariam os espectadores a uma distante Alhambra.
Os cabelos das mulheres em sensuais rabos de cavalo que desciam pelas
costas dando sensualidade a decotes sugestivos. Cabelos disciplinados e
brilhantes com riscos ao lado para os homens que conseguem através do gel
um efeito molhado.
As peças femininas sensuais sem cair na vulgaridade. Aplicações de pelo
preto e comprido nos punhos, golas ou até em forma de saias davam um
glamour à proposta. Vestidos justos, próximos ao corpo em silhuetas
femininas. Desfilaram capas de veludo por baixo das quais apareciam
luvas de couro brilhante em verde e castanho. O dourado envelhecido fez a sua
aparição num vestido e acabou por assumir a liderança para a noite.
Saias de tubo e calças lápis inteligentemente cortadas na parte
traseira para mostrar o salto e garantir o conforto ao andar.
Os homens de Miguel Vieira são homens clássicos, poetas dos anos
quarenta que não abandonam as peças do alfaiate. Blazers justos de dois
botões com um lenço de renda no bolso e um clipe na lapela. O laço rouba o
espaço à gravata para dar elegância às propostas. As calças de algodão
jersey mostram um carácter urbano que se reafirma na forte presença de
sapatilhas. As cores para o homem são verde escuro e azul petróleo,
intensos e misteriosos, em veludos e algodões. Camisas brancas de
popelina sem excepção.
Miguel Vieira cumprimentou aos presentes e caminhou até ao fim da passarela confiante de ter feito um óptimo trabalho.
Sem comentários:
Enviar um comentário