terça-feira, 12 de março de 2013

Nuno Gama - 10.03.2013


Com a Colecção “Icosaedro” Nuno Gama comemorava os 20 anos na profissão.  O icosaedro é uma figura geométrica composta por 20 triângulos equiláteros, símbolo do homem e da sua virilidade.  Triângulo que também reflecte o mantra do criador: mente perfeita / atitude perfeita / corpo perfeito.  A colecção mais uma vez criou sensação entre as mulheres da plateia que recebiam cada modelo entre palmas e gritos.

O cabelo dos homens estava penteado de forma muito natural, cada um fiel ao seu estilo e à filosofia de identidade própria que Nuno Gama predica. 

A colecção conjuga perfeitamente a vestibilidade das peças com o efeito surpresa e o sentido do humor.  Prints comemorativos dos 20 anos adornavam t-shirts e camisolas.  Fatos impecavelmente cortados para destacar a masculinidade dos corpos.  Aplicações de pelo em casaco de dupla abotoadura.  Tecidos tradicionalmente portugueses num exercício de reivindicação da pátria.  Fibras naturais com acabamentos tecnológicos.  O preto e o azul, cores masculinas por excelência, deixam o vermelho para surpresas como laços ou golas. 

Vários modelos caíram sobre a passerelle mas isso não impediu o público de ficar mais do que satisfeito com o último desfile desta Edição da ModaLisboa.  Nuno Gama sabe o que o público quer, e há 20 anos que o entrega em cada desfile.   

Filipe Faísca - 10.03.2013



Filipe Faísca apresentou a colecção “Burro” cujo conceito era à volta de Portugal.  Uma colecção caracterizada pela confusão com modelos que não seguiam um caminho preestabelecido o que gerou mais do que uma confusão e colisão entre elas.  As modelos caracterizadas como esquiadoras desfilaram com gorros na cabeça e óculos antifaz próprios da neve. 

O cabelo das modelos, ripado para ganhar textura assomava por baixo dos gorros.  Cores brilhantes nos cabelos, acobreados, louros e ruivos.  Madeixas grossa, bem definidas e pouco penteadas para criar um look desalinhado e despenteado.

A colecção oscila entre a estrutura minimal de cortes rectos e a estrutura liquida com volumes XL.  Grandes golas e ombros redondos para peças estruturadas.  As cores predominantemente escuras como beringela, preto, cinzento com detalhes em verde ácido.  Pêlo tingido para dar volume e tridimensionalidade às peças.  Tecidos tecnológicos com cores multidimensionais.  Casacos e vestidos em burel com aplicações de pêlo.  No final do desfile, as modelos caíram ao chão para se levantar ao passo do criador, uma teatralidade que passou incompreendida pelo público assistente.     

Miguel Vieira - 10.03.2013


Com a sua colecção Outono/Inverno, Miguel Vieira comemorou os seus 25 anos como criador.  Uma data presente não só na joalharia da colecção mas também numa colecção de roupa de festa.  Miguel Vieira apresentou uma mulher forte, bela, sedutora, confiante e sofisticada.  O homem charmoso, sedutor e elegante mas sem perder a noção da actualidade.  Uma colecção de festa para um criador que estava de parabéns.

Os cabelos das modelos estavam penteados com um risco ao lado e apanhados em rabos de cavalo que partiam da nuca e que ocultavam o elástico com o próprio cabelo.  Um penteado brilhante e disciplinado, com pequenas franjas laterais.  Os homens penteados também com risco ao lado e com gel para fixar e dar brilho ao cabelo.

Esta colecção apresentou uma silhueta que alternava entre a ampulheta para os vestidos mais sensuais e os macacões e o rectângulo para os casacos.  Casacos ligeiramente oversize e calças largas para uma mulher glamourosa.  Saias e vestidos mini que nunca passam do joelho com aplicações de pailhetes brilhantes para esse ultimo toque de estrela.  Jacquard com prints animais para simular a pele de serpente em casacos e calças.  Predomínio do branco nuvem para a mulher, com aplicações de lantejoulas.  Mangas largas em seda e grandes folhos dão movimento e sensualidade às peças.   Para o homem, fatos justos, em cores claras com prints florais e polka-dot.  O homem veste de branco e cinzento no próximo inverno sem perder um ápice de elegância.        

White Tent - 10.03.2013


A colecção de White Tent é uma continuação da sua colecção anterior.  Uma marca que acredita numa filosofia jovem, urbana e aposta pelo conforto e qualidade dos materiais antes das técnicas de design e confecção.  A mulher de White Tent não é uma mulher de grandes presunções, sabe-se simples e gosta de se vestir de acordo com isso.  Pequenos luxos como peças em crepe de seda são o máximo que ela se permite.

Os cabelos das modelos estavam apanhados em chignons no topo da cabeça.  Chignons construídos enrolando o cabelo criando círculos para ganhar em diâmetro mas sem ganhar altura, mantendo-se sempre colados à cabeça da manequim.  O cabelo com acabamento natural de acordo com a filosofia da marca.

Uma colecção que se centra no trabalho da malha como tecido principal, com estampados a foil dourados e com lurex.  Alguns exercícios de color blocking em camisolas que combinam o verde com o cinzento, mas na maioria peças monocromáticas.  Mais uma vez exploraram o conceito da camuflagem tom-sobre-tom, que consiste na criação de camuflagem sem fugir da escala de uma mesma cor.  Um registo minimal e contido, com comprimentos sempre acima do tornozelo para as calças e joelho para as saias e vestidos que marcam a cintura com elásticos e folhos. 

Dino Alves - 10.03.2013


A colecção de Dino Alves cativou o público desde o momento em que um grupo de crianças ocupou o centro da passerelle numa espécie de escolinha improvisada.  O detalhe dos livros não era por acaso.  A inspiração da colecção “Next Page” está precisamente na história que cada um de nós escreve segundo vive, e nas páginas que vamos preenchendo com opiniões, pertences e aquilo mais próprio de cada um.  Cada peça é um texto, e cada dia é a página seguinte.

Os cabelos das modelos estavam penteados para atras, retirando o cabelo do rosto.  Os cabelos caíam sobre as costas com ondas bem marcadas e disciplinadas.  Os homens com risco ao lado com o cabelo controlado e muito polido graças ao uso de gel de fixação. 

A silhueta desta colecção é justa e rígida, há pouca fluidez nas peças.  Uma colecção formal e austera no uso de cores, que opta por linhas compridas.  Em todas as peças há pequenos detalhes que nos remetem aos livros, aplicações de painéis e badanas brancas que imitam o efeito de páginas em decotes, costas ou na parte inferior dos vestidos.  Prints de letras que escrevem sobre as peças.  As cores da colecção são escuras com pequenas aberturas ao branco, areia e ao azul.  Camisas com transparências para uma sensualidade disfarçada e formas justas que realçam o corpo da mulher.  Homens com shorts em padrões geométricos para um look de estudante.    Casacos oversize de ombros redondos para dar rigidez e redondez à forma.

Vitor - 10.03.2013


O criador apresenta mais uma vez uma colecção que nos permite entrar no seu universo e imaginário.  V!tor coloca sobre a passarelle a sua religião, uma que só traz boas energias e cujas deidades adoptam formas inesperadas como gatos, cães pugs e unicórnios. Uma colecção que se centra no mundo dos moluscos com a passerelle presidida por dois camarões gigantes e prints e jóias inspirados nas conchas marinhas.  Um desfile que abriu com uma mulher gato sobre patins não podia ser um desfile convencional.

Os cabelos das modelos apareceram tapados por turbantes africanos e por bonés no caso dos homens.  Uma opção que reforça ainda mais o carácter urbano e descontraído da colecção.

A colecção apresentou as linhas habituais de V!tor.  Polos-vestido para os homens com prints de camarões e imagens dos peculiares deuses do criador.  T-shirts oversize por cima de leggings ou por baixo de camisolas de jersey preto.  Saias e calças com maxi-pregas que formam estruturas geométricas em cores fortes.  Trabalho de ponto grosso para casacos de lã com aplicações de pêlo. Riscas brancas e pretas em diferentes materiais para criar calças e casacos bomber.  Uma colecção que se sabe diferente e não tem medo de o mostrar.

Marques' Almeida - 10.03.2013


A dupla Marques’ Almeida explora pela primeira vez o eveningwear, e oferecem pela primeira vez a sua interpretação de um vestuário formal, sem perder a sua essência urbana.  Uma colecção que respira urbanismo, descontracção e esse espírito efortless que caracteriza a marca.  Um estilo que já conquistou Rihanna e Rita Ora entre outras celebridades, e que agora pretende ganhar dimensão com novos territórios que se materializam em novos tecidos como a seda selvagem ou a pele de carneiro.

Os cabelos das manequins estavam apanhados num rabo de cavalo alto, com cabelo liso mas com um acabamento natural.  As duas secções laterais, em duas grandes madeixas, caíam pelos laterais da cabeça com alguma textura graças aos cabelos ligeiramente ripados.  

As roupas, uma sucessão de looks em ganga, destacaram-se pela temática das banhas esfiapadas, desta vez com uma técnica mais depurada criando um efeito mais clean, depurado e sensual.  Um glamour cru com parkas de seda selvagem e casacos biker em materiais como pele de carneiro ou pony hair.  Os vestidos de noite são compostos por calças oversize em materiais mais luxuosos.  Estolas de pêlo para dar um toque de glamour ao visual.  A paleta cromática em vermelho, branco e azul destila espírito Americano, um esboço de luz na estética tradicionalmente grunge da dupla.

Ricardo Preto - 09.03.2013


Sobre a passerelle terra e um ramo de árvore, de repente o nevoeiro invade a sala antes de aparecer a primeira manequim de Ricardo Preto.  Uma colecção que respira a saudade do modernismo como corrente de arte e pensamento e não a modernidade mal-interpretada pela sociedade actual.  Tributo à geometria de Kandisky e dos primeiros cubistas em aplicações de lurex brilhante.  Uma homenagem a Eileen Gray, primeira mulher verdadeiramente moderna.

Os cabelos puxados para trás e presos apenas nas pontas para formar rabos de cavalo largos.  Cabelos com muita textura que formam ondulações suaves e com efeito molhado conseguido com a utilização de mousse de fixação.  Grandes volumes na parte posterior da cabeça com efeito molhado, como se acabasse de sair do banho.

A colecção destaca pela monocromia em tons mostarda, preto, conhaque e azul, as cores do modernismo de Mondrian.  Capas que ocultam o corpo da mulher deixando à mostra apenas meias douradas.  Vestidos que buscam a inspiração nos fatos masculinos com lapelas e dupla abotoadura.  Fatos femininos ligeiramente oversize por cima de camisolas de gola alta.  Saias em tecidos pesados com aplicações de crepe para dar movimento contido às peças.  Camisolas de malha em ponto de lã grossa para aquecer no Inverno.   

Nuno Baltazar - 09.03.2013


A colecção de Nuno Baltazar encontra inspiração no filme “Orlando”  baseado na obra homónima de Virginia Wolf.  Uma viagem onírica através dos séculos, marcada pela identidade sexual que muda de homem para mulher de acordo com suas intenções, assimilando tendências de cada tempo. Uma figura andrógina que vive durante quatrocentos anos, entre 1600, durante o reinado de Elizabete I até ao século XX e que chega até aos nossos dias para desfilar sobre a passerelle de ModaLisboa. 

Os cabelos das modelos são compridos, partidos com um risco ao meio deslizando com fluidez sobre os ombros das modelos. Marcadas ondulações ao longo dos comprimentos para um look muito feminino que contrasta com a masculinidade dos cortes.  Cabelos brilhantes, polidos com spray de fixação para manter a forma intacta.  A nuca fica à mostra, um subtil ápice de sensualidade para a mulher idealizada por Nuno Baltazar.

As formas de algumas peças são marcadamente masculinas, com ombros fortes e quadrados.  Looks que fogem dos habituais vestidos de festa de Baltazar para entrar no mundo das “working women”, mulheres desafiantes com pastas de negócios e atitude de quem assume o mando.  Nuno Baltazar experimenta novos volumes e cores mantendo a identidade da marca.  Linhas cocoon e H, com grandes golas para reinterpretar detalhes de época.  Forte protagonismo do preto, caramelo e off white com presença de cores jóia como o fuschia e o esmeralda.  Saias com pregas femininas contrastam com calças de corte masculino.  Uma colecção que foge dos estereótipos para encontrar uma nova identidade.

Alexandra Moura - 09.03.2013


A colecção de Alexandra Moura pretende ser uma viagem às origens de uma nova espécie humana, uma nova raça que nasce e que começa tudo de novo.  Homens e mulheres de cavernas futuristas, que vestem linhas rectas, simples e tubulares.  Uma silhueta limpa com a simplicidade de uma forma geométrica, o “Quadrado” que dá o nome a esta Colecção.

Os cabelos das modelos apanhados no topo da cabeça em originais estruturas.  O cabelo é envolvido à volta de um cilindro de madeira que depois é fixado no topo da cabeça.  Disciplinado e polido com fixação de efeito molhado simula os apanhados que imaginamos para os homens das cavernas.  Os homens surgem com penteados com risco ao lado e o cabelo extra brilhante e disciplinado.

A roupa pretende enaltecer a simplicidade, as linhas rectas e minimalistas.  Mangas japonesas relembram as geishas e túnicas falsas de pele de crocodilo para uma reinterpretação futurista.  Cores terra, amarelo torrado, bege e castanho contrastam com camisas azuis e brancas.  Especial destaque à utilização de malha “vulcânica” que simula o efeito de lava fria.  Peças em algodão, mohair, veludo e neopreno em formas lineares.  A utilização do dourado nos acessórios responde ao facto de que “quase todo o ouro que a humanidade possui é de origem extraterrestre” segundo a revista Science.  Moura procura o homem primitivo de uma quarta dimensão que está por chegar.

Pedro Pedro - 09.03.2013


A colecção “The Proud Rebel” de Pedro Pedro é uma colecção de opostos, entre o masculino e o feminino; o formal e o casual; a opulência e o despojado para conseguir um resultado moderno e limpo.  Destaca-se a natureza táctil dos tecidos que traslada este conceito de opostos a uma nova dimensão numa única peça.  Uma colecção elegante, para uma mulher actual, excelentemente executada.

Os cabelos das manequins, penteados por Helena Vaz Pereira, Embaixadora L’Oréal Professionnel, estavam apanhado em rabos de cavalo baixo, muito minimalistas.  O cabelo, com risco ao lado e uma discreta franja sobre o rosto da modelo estava brilhante e disciplinado.. Visto de frente poderia ser um cabelo masculino, mais uma vez os opostos de Pedro Pedro.  O rabo de cavalo, muito simples, cai sobre as costas da modelo, com o cabelo liso e poli. 

A silhueta da colecção busca os contrastes entre o longo e curto e o largo e justo.  Sobreposições e construções de layers com aspecto cuidadosamente polido mas mantendo certo eclecticismo na mistura.  Linhas rectas, cortes clássicos para um minimalismo chic. Saias plissadas para dar movimento e casacos drapeados para conseguir um look andogino.  A paleta de cores inclui branco, cinza, preto, camel, brique e verde.  Os materiais, ou lisos ou muito texturados, são fundamentais para essa contraposição táctil que se pretende.

Os Burgueses - 09.03.2013


A dupla Os Burgueses propôs a encenação mais original destes dois dias de ModaLisboa, entregando lanternas aos assistentes na entrada para depois desligar as luzes e apresentar os primeiros visuais da sua colecção Blackout na escuridão.  A colecção de Os Burgueses parece estar mais centrada na geração posterior ao Blackout, uma tribo urbana apocalíptica e futurista.  Na escuridão três camisas brancas com impressões de imagens do famoso teste de Rorschach davam passo a uma colecção com ares futuristas.

Os cabelos da colecção estavam cuidadosamente despenteados para conseguir uma despreocupação muito estudada.  Para as mulheres, cabelos soltos, lisos com movimento ao longo dos comprimentos com pouca ou nenhuma fixação para obter um resultado natural.  Nos homens, riscos ao lado e franjas desalinhadas com pequena fixação para garantir que esse descontrolo se mantinha durante algum tempo.

A colecção é decididamente urbana, jovem e actual embora pecasse de excessiva comerciabilidade em detrimento da criatividade.  Leggings com aplicações douradas por baixo de camisas que vão até ao joelho.  Calças e casacos em pele preta e inúmeras reinterpretações do casaco biker. Aplicações de pele em camisolas e tops.  Casacos bomber ou rectos para os homens que também vestirão exclusivamente de preto na próxima estação.  Aplicações de franjas azul marinho para adornar as peças masculinas.  Uma colecção que longe de surpreender, deixou o público com a sensação de não ter visto nada novo.

Luís Buchinho - 09.03.2013


O primeiro desfile do dia correu a cargo de Luis Buchinho, numa passerelle improvisada por baixo dos arcos do Terreiro do Paço.  Uma colecção que se centra na afirmação da identidade feminina através de silhuetas fortes e afirmativas, e que tem como referência a Revolução de Abril de 1974.  Prints criados com metralhadoras simulando o padrão do xadrez escocês ou houndstooth e cravos vermelhos adornavam as peças do criador.  Influências do vestuário masculino com peças estruturadas, de ombros marcados e cortes rectos.  Uma nova mulher da Revolução vestida de prêt-à-porter.   

Os cabelos das modelos apareceram livres, caindo com fluidez sobre os ombros das modelos.   Textura ao longo dos comprimentos, criada através de chignons que foram desconstruídos nos instantes prévios ao desfile, para dar movimento ao cabelo.  Um visual natural para uma mulher que procura liberdade.

Construções geométricas em diagonais, com detalhes assimétricos e grafismos inspirados nos ícones da Revolução compõem uma colecção marcadamente urbana.  O conceito de resistência e força vê-se reforçado por materiais como pele, lãs feltradas, crepes e tweeds.  Peças que criam sobreposição de texturas e volumes para dar movimento e fluidez à roupa.  As grandes lapelas ganham protagonismo nos casacos, vestidos e coletes.  Delicadas saias com folhos por baixo de casacos com ombros marcadamente masculinos para criar uma interessante oposição de identidades.  A paleta cromática reduz-se a três cores: vermelho, branco e preto. 

Aleksandar Protic - 09.03.2013


A colecção de Aleksandar Protic centra-se em quatro conceitos: silêncio, tranquilidade, maturidade e religião.  Tudo isto traduz-se numa colecção sóbria e lineal que cai perigosamente no monótono.  Uma colecção que respira calma, com predominância do preto e silhuetas geométricas estruturadas.  Peças construídas com atenção ao detalhe em aplicações de pele e cortes estratégicos. 

Os cabelos das modelos, obra do hairstylist Anthony Millard, foram alisados com ajuda de placas e partidos por um risco ao meio.  Um colarinho de pele prendia os cabelos à altura do pescoço para criar uma ilusão de cabelo curto com movimento.  Cabelos brilhantes com pouca finalização para conseguir um resultado natural.

A linha dos ombros desaparece para dar redondez ao corpo da mulher acentuado por pinças.  Peças estruturadas com sobreposição de diferentes volumes.  Saias e vestidos por cima do joelho ajustados ao corpo.  Aplicações de pele em casacos e camisolas dão um certo luxo às peças.  A cor predominante é o preto com concessões ao branco e ao padrão vichy em castanho.

Say My Name - 09.03.2013



“Stratosphérique” é o nome da colecção de Saymyname para o Outono/Inverno 2013.  Uma colecção femininamente abstracta, iluminada pelo trabalho da artista Victorine Muller.  Cada peça é criada para transmitir ideias abstractas e forças invisíveis através de sobreposições de formas, tecidos, cores e texturas. 

Os cabelos das modelos estavam penteados para trás com efeito molhado.  Cabelo em madeixas bem definidas, trabalhadas com a mão para conseguir uma heterogeneidade natural.  Cabelos polidos e disciplinados graças à utilização de mousses de fixação.  Muita textura e movimento ao longo dos comprimentos.   

As saias e vestidos por baixo do joelho com pregas na frente para conferir tridimensionalidade à roupa.  Drapeados e sobreposições fluidas em tops e vestidos com toques desportivos.  Casacos e camisolas de dimensões dramáticas, estruturados num jogo de proporções e blocos de cor.  Calças rectas e skinny com fechos e pregas na cintura.  Tecidos desportivos e neopreno com transparências em pequenos detalhes que dão um toque diferente.  A escama de lagarto reinventada em cores brilhantes para conseguir uma silhueta futurista e mínimal.  A paleta cromática da colecção centra-se no preto, caramelo, ameixa, marinho, cinza e rosa.

Ricardo Andrez - 09.03.2013


A colecção de Ricardo Andrez centra-se na figura de um homem gigantesco, bruto e tosco mas delicado ao mesmo tempo.  Um homem cru, como uma flor que nasce nas condições naturais mais adversas, tornando-a ainda mais especial.  Modelos que desfilaram com luvas de grandes proporções para transmitir esta imagem de gigantismo e brutalidade. 

Os cabelos dos modelos apareceram sobre a passerelle lisos e polidos.  Riscos ao lado para as cabeleiras mais curtas com acentuação da franja ou bem numa pequena poupa ou alisada sobre o rosto.  Os cabelos mais compridos alisados com sérum de brilho para dar polimento e controlo.

A colecção apresenta formas largas e desestruturadas.  Casacos em trench sem ombros definidos para magnificar a silhueta masculina.  Bombers em tecidos lustrosos e camisolas em jersey de algodão dão um look mais urbano e actual.  Padrões geométricos e aplicações de materiais tecnológicos adornam as peças.  Aplicações de ponto de arroz em calças e camisolas para conferir delicadeza.  Uma paleta cromática à volta do cinzento com pequenas concessões ao azul, preto e verde.  

sábado, 9 de março de 2013

Ricardo Dourado - 08.03.2013



“Soweto” é o nome da colecção para o próximo Outono/Inverno de Ricardo Dourado. Uma colecção que rende homenagem à cidade conhecida por ser um foco de resistência anti-racista na época do Apartheid. Um desfile que não deixou escapar este pormenor e abriu com uma sucessão de peças imaculadamente brancas para depois incorporar coloridas capulanas e aplicações de pelo em verde, borgonha e azul para criar vestidos e casacos. Dourado busca novamente inspiração nos ghettos e minorias para as suas peças.

As modelos desfilaram com os cabelos extremadamente lisos, apanhados em rabos-de-cavalo elevados. Penteados com riscos ao meio e com cabelos disciplinados, polidos e colados aos lados da cabeça. As madeixas da franja são puxadas para atrás para deixar o rosto sempre limpo. Os homens com o cabelo puxado para trás extremamente polido e disciplinado com gel de efeito molhado.

A roupa da colecção é forte com silhuetas largas e volumosas para dar mais “corpo” às manequins. Uma paleta cromática amplia em que destaca o colorido das capulanas e os pelos tingidos que davam tridimensionalide às peças. Ombros desconstruídos e largos arredondam as silhuetas largas, em ocasiões acentuadas por grandes bolsos laterais que aportam alguma comicidade às peças. Golas e lapelas de vestidos simulam o fecho dos casacos perfecto de cabedal e mangas que simulam t-shirts oversize. Pêlo trabalhado para recriar os sombreados dos padrões de camuflagem. Destaca-se o casaco que abriu o desfile com grandes volumes em tecidos cortados com laser para dar leveza à peça.

Como vem sendo habitual, a música do desfile animou os assistentes que acabaram por dançar nos seus lugares ao ritmo de Tirmbal, Myd, Tnght e Klipar&Bitz cortesia do DJ André Granada.

Ptaszek - 08.03.2013



A criadora convidada desta Edição da ModaLisboa é a polaca Monika Ptaszek. A sua colecção “Warship” está inspirada nos marinheiros dos hostis mares nórdicos e no silêncio ubíquo e perturbador do Árctico. Uma região recôndita do mundo que esconde segredos emocionantes para qualquer pessoa. Marinheiros com fortunas diversas passearam pela passerelle nesta colecção exclusivamente masculina. Marinheiros que estão prontos para partir numa viagem que vestem as suas melhores roupas, casacos e fatos exemplarmente cortados intercalaram-se com marinheiros cujos navios foram menos afortunados e sofreram a inclemência do mar.

Os cabelos dos modelos foram penteados pela Helena Vaz Pereira, Embaixadora L’Oréal Professionnel. Modelos com penteados naturais, risco ao lado e uma pequena poupa na franja para dar movimento ao cabelo e retirá-lo do rosto. Em muitos casos, gorros de lã grossa cobriam as cabeças dos modelos deixando à vista apenas a franja. Acabamento mate para os cabelos dos modelos de Ptaszek, para dar um toque de naturalidade.

Nas peças de roupa destaca a mistura de tecidos tecnológicos com algodões e lã clássicas. Predominantemente azul, a colecção deu também protagonismo ao preto e ao cinzento. Peças clássicas dos homens das docas como casacos marinheiros com grandes lapelas e duplas abotoaduras, camisas abertas sobre t-shirts de golas largas e camisolas que misturam o algodão com o cabedal. Formas largas, marcadamente masculinas, afastadas do corpo dos modelos. Destaca-se o tratamento das peças para simular o efeito de areia molhada que se cola à roupa dos náufragos.


Valentim Quaresma - 08.03.2013



A abertura da 40ª Edição da ModaLisboa correu ao cargo de Valentim Quaresma e da sua colecção “Daydream”. Com esta colecção o próprio Quaresma admite buscar “o ponto de ligação entre dois polos: industrialização e criatividade”. A criatividade é a materialização da imaginação, a concretização do sonho, o “sonhar acordado” que permite viver dois mundos ao mesmo tempo. A industrialização surge nos materiais, nas estruturas em formas ambíguas. Música de guerra para modelos que desfilaram com as jóias-armaduras do criador e com frases escritas sobre o corpo numa espécie de mantra.

Os cabelos das modelos femininas ganham protagonismo em estruturas complexas. Chignons no topo da cabeça em formas tubulares para criar silhuetas retro-futuristas que caracterizam o universo criativo de Quaresma. Os homens desfilaram com cabelos penteados com um risco ao lado e com um acabamento brilhante, dando um toque futurista a um penteado clássico.

As peças desta colecção foram elaboradas utilizando couro na sua maioria, uma novidade frente ao que se tinha mostrado em passadas edições. Uma forma de reinterpretar o trabalho do artesão que dá forma à pele, neste caso para formar armaduras que cobrem os torsos dos modelos. Ombreiras de couro que protegem e dão força a torsos nus. Destaca também a reciclagem de pilhas antigas que agora revestem as peças que formam as obras de Quaresma. Predomínio de cores escuras com alguns toques de âmbar para o Inverno do criador.